domingo, 23 de maio de 2010

Rita Apoena

Sobre o arrepio
O arrepio é quando,
por serem tão leves,
seus dedos conseguem,
em cada um dos meus poros:
soerguer uma flor.

Sobre os poetas

O mágico nunca conta os seus segredos.
O poeta nunca explica uma entrelinha.

Sobre as despedidas

Os cílios agarraram-se às pálpebras quando tentei fechar meus olhos. Mas você assoprou e todos voaram. De novo nasceram e de novo voaram. Não faça mais isso! Quem vai cortar a lágrima em fatias no dia em que você for embora?
Ela afundou o corpo nele o mais que pôde, como se assim pudesse aprisionar um instante, como se assim pudesse aprisionar o amor. E ele, querendo as respostas que a vida não lhe entrega e que só uma mulher é capaz de abrigar dentro de si, puxou os seus quadris com a ânsia de escorregar para dentro dela e ali ficar. Só uma fêmea é capaz de dividir-se assim ao meio: a metade de baixo a sobrepor-se forte, desfalecendo as resistências do macho e a de cima a ampará-lo doce, beijando e acarinhando os medos de um filhote.

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